quinta-feira, 10 de setembro de 2015

A dança do Brega

A DANÇA DO BREGA

O Brega é música paraense de características pluri-culturais. Com sua riqueza rítmica e potencialidade coreográfica, pode ser visto como o "Tango do Pará".  

Nenhuma forma de arte nasce pronta, exige acumulação de experiências estéticas, diversidade de estilos artísticos, legitimação social de valor.
Não se deve estigmatizar uma expressão artística popular embriorinária porque o nome que a designa adquiriu conotação pejorativa, nem porque muitas letras ainda expressem qualidade literária problemática. Essas letras revelam as condições sociais, linguísticas, temáticas possíveis nos arrabaldes desiguais de Belém.

O Brega é uma forma musical coreográfica em formação, ainda em sua pré-história, evoluindo para o seu aperfeiçoamento e depuração.

O Brega é expressão cultural simbólica paraense e é reconhecido como forma de valor artístico.
Marcelo Thiganá - Professor de Dança.


BREVE HISTÓRICO

O brega, expressão nacionalmente conhecida na dança de salão, tem sua origem na cidade de Belém, capital do Estado do Pará.

Região de fortes valores culturais e pluralidade dancística e musical, como o lundum marajoara e o carimbó, recebeu influências significativas na "Era do Rádio" de ritmos conhecidos como calypso, merengue, cumbia... e na pós-guerra, do Twist americano, do rock-and-roll e do iê-iê-iê; vindo assim a surgir, em meados da década de 60, o ritmo brega.

O nome é proveniente das casas noturnas que tocavam esses ritmos - Juventos, Batistão, Changrislar, Pedreirinha, Bar São Jorge, Estrelinha, que eram conhecidos como "bregões", denominação chula para o que era considerado cafona.

O ritmo proliferou então, nas camadas menos favorecidas, entre os freqüentadores das zonas portuárias, redutos de prostituição e da boemia.

A expansão no interior do Estado deu-se pela interferência das "aparaelhagens" da capital, o que ajudou a formatar os passos da dança, numa simbiose entre as danças caribenhas e os movimentos tribais amazônicos de festejo.

Alguns municípios do Estado se destacam com fortes contribuições para a criação desta forma única de expressar o corpo: Moju, Igarapé-Miri, Barcarena, Abaetetuba, Vigia e outros.

A sociedade (classe média-alta) paraense assumiu definitivamente essa expressão na década de 80, um
ressurgimento do brega na capital, impulsionado por vários cantores e compositores que vem mudando sua forma desde então, sem perder a raiz co compasso tribal nos movimentos.

Finalmente nós paraenses já podemos nos orgulhar de nosso Estado e de nossa gente. Nos últimos meses, diante de milhões de telespectadores, a Banda Calypso freqüenta os programas mais assistidos das maiores emissoras do país. O Anormal do Brega já foi no Jô, o Wanderley Andrade estava em cadeia nacional. De verdade! Não é um projeto social qualquer, não é uma tragédia, não matamos nenhuma missionária americana, não fuzilamos os sem-terra, não batemos um novo recorde por assassinato na luta agrária, de jeito nenhum, somos nós mesmos, inteiros, cantando e rebolando para todo mundo ver quem somos de verdade e como é animada nossa música e nossa cultura.

Não precisamos mais nos envergonhar de nossa condição de atrasados, índios e preguiçosos, saímos da condição de pobres da periferia do país para o lugar de estrelas. Podemos ser vistos em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Fortaleza, Salvador, de ponta a ponta do Brasil, todos podem ver o que é um paraense, contrariando o que os preconceituosos de São Paulo e do Rio sempre acharam: que éramos parte do atraso do país e que eles – os paulistas – tinham que trabalhar dobrado para que nós pudéssemos dormir depois do almoço. Humilhação nunca mais.

Críticos de música, produtores, antropólogos, todos elogiam o Tecnobrega como um momento maravilhoso da música paraense, junto com o funk carioca, o hip-hop paulista, a tchê music gaúcha, o lambadão mato-grossense, o forró amazonense e toda a música das periferias das grandes cidades. É de verdade, não estamos diante de uma enganação da mídia. Vocês não viram no Fantástico?

Nós seremos lembrados como aqueles que conseguiram enganar as grandes gravadoras, vendendo milhões de cópias nas barbas de um empresário fonográfico embasbacado, que não sabia onde ficava Belém no mapa do Brasil. o Brega, quer dizer, o Tecnobrega – afinal já somos modernos – vai invadir tudo. Só se fala nisso. Podem bater no peito e gritar: é Pará isso.

No final da década de 60 o Brasil descobriu um outro momento desse ser amazônico: Paulo André, Rui Barata e Fafá de Belém. Nossa música também circulava livre e nacionalmente. Fafá era uma estrela ascendente enquanto Paulo e Rui jogavam alto no quesito letra e música. Nenhum nome das gerações posteriores chegou tão longe. Eu tinha orgulho de conhecer de perto compositores como Vital Lima, Paulo Uchoa, Edir Gaya, Walter Freitas, Ronaldo Silva, Gilberto Ichihara e tantos outros, tão próximos, tão vivos... hoje entendo um pouco melhor o percurso de nossa mais popular cantora. Entendi que ela trocou a música da Amazônia pela opção da diversidade mercadológica. Décadas depois de um silêncio tumular, a popularidade da dupla Joelma/Chimbinha é incomparável. O Pará é, novamente, foco das atenções.

O grande mérito do Tecnobrega não diz respeito à qualidade da música – quem os celebra não entra nesse mérito –, mas à capacidade de ter nascido avesso às gravadoras (ver texto de Pedro Alexandre Sanches, “A música fora do eixo”, Carta Capital, n° 380). No entanto, ironicamente, por que as emissoras abertas levam a Banda Calypso pra tocar no horário nobre da TV, que todos sabem que trabalha em conluio com as gravadoras? Os mecenas Faustão, Gilberto Barros, Gugu, Luciano Huck descobriram repentinamente como é boa a fusão do Caribe com a Amazônia? Por que Regina Casé ganhou um quadro no superalternativo Fantástico pra tentar provar que só os chatos não gostam dessa música que brota livre nas periferias? Resposta: porque se essa música não tivesse passado por um processo de adequação, de pasteurização, de uniformização ela jamais tocaria na TV. Para 90 % das grandes corporações de mídia televisiva brasileira só interessa música ruim, é assim há pelo menos duas décadas.

Quando o Brega começou a tomar conta de Belém e se sobrepor ao Axé, todos os méritos deviam ser dados. Mas louvável era a consciência que os bregueiros pareciam ter da extensão de sua música. O axé-music sempre se levou a sério, com o aval de medalhões da MPB. Os bregueiros não, sempre foram especialistas na auto-ironia, no riso-de-si. A Banda Calypso guarda essa auto-ironia, não é possível que o figurino da Joelma... bem... eu ouço Brega quando quero lembrar do cheiro do interior, do clima erótico da cidade em que nasci, da graça impagável das letras. Não se trata aqui de uma crítica negativa ao Brega, todos nós cumprimos um papel, o Brega também. Trata-se de uma tensão necessária, para evitar que a gente comece a achar normal a necessidade de torcer e sentir orgulho até da Thaís do Big Brother porque ela é paraense.

Se a música comercial não pode mais ser boa - sim, porque já foi um dia -, então toda essa música se justifica como um grito social. Mas, o deslumbramento de pessoas do meio musical com essa música me causa grande espanto. Confesso não perceber quão grandiosa ela é, moderna e antenada. Devo estar perto demais.

Por fim: já se pode ir a uma bregão de aparelhagem na Assembléia Paraense? Estão esperando o quê?! Precisamos fazer como o funk carioca, que vê a nata da sociedade se acabando na pista, numa quebra das barreiras sociais. Ainda que no fim da festa os bem criados voltem para casa de Mercedes Classe A e durmam em cama branca com ar condicionado, enquanto a moçada da perifa espera o busão.

Isso não interessa não é mesmo? Questão menor diante da alegria de ser brasileiro, de ser paraense.

Henry Burnett texto publicado no jornal O Liberal, fev 06

O tecnobrega

Tecnoshow deu início à febre do tecnobrega
A história do tecnobrega é recente, mas o estilo se espalhou rapidamente pelo Pará e já começa a cruzar as fronteiras do Estado. Neste ano, houve uma noite de tecnobrega no festival Hype em São Paulo, e a aparelhagem Tupinambá já está escalada para tocar no RecBeat, no carnaval do Recife no ano que vem.
Tudo começou em 2002 com a banda Tecnoshow. "O tecnobrega nasceu da necessidade de gravar música de uma maneira mais barata. Fazíamos versões, criamos uma batida característica no computador e editávamos tudo no (programa) Protools", conta a vocalista do Tecnoshow Gabi Amarantes. "Hoje nós estamos aperfeiçoando, deixando de fazer só versões", completa.

O tecnobrega é uma evolução do brega tradicional do Pará, de compositores como Wanderley Andrade e da banda Calipso. Mas, em vez de instrumentos, a música é criada sobre uma batida característica: uma mistura de twist acelerado com axé.
No tecnobrega, ainda há vocais, guitarras, sintetizadores. Mas hoje existe uma variante eletrônica mais radical, que faz sucesso nas aparelhagens: o cibertecno.

"No cibertecno, não usamos guitarra. É tudo gravado no computador. Todas as músicas têm sempre uma linha de baixo criada no computador, com apenas quatro notas, e um vocal diferente, que lembra o rap", conta o DJ Beto Metralha, um dos inventores do estilo. G. W.
Atualidade do brega


A nova onda do Pará...Eletro Melody....
Saiba mais: O tecno brega se ramifica em varios estilos
caracterizados, pelas suas letras, timbres, bpm, pela batida em si.
o eletro melody seria mais uma ramificação do tecno brega, como ja disse o silvinho santos" o eletro melody é o filho do tecnobrega", é caracterizado pelo uso de sons psicodelicos de baixa e alta frequencia, o extraordinario nisso é que essas frequencias tão baixas"graves" e tão altas"agudas", que não distorcem ao somar com os outros tibres da musica essa é a essencia do ritimo eletro melody, até então o ritimo mais eletronico ja criado no estado do pará.
esse é mais um estilo a ser desenvolvido e aplicado pelos produtores do pará no mercado musical tanto nacional quanto internacional, isso devido ao fato da musica paraense invadir as osouvintes do brasil e exterior
. o eletromelody ainda esta em fase de desenvolvimento, acredito nesse ritimo, só falta um pouco mais do podemos dizer: "mão de obra qualificada" nesse mercado, que é a produção musical.

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